Cuba definitivamente é um lugar com características
bem interessantes e que vale à pena conhecer. Depois do embargo econômico dos
EUA e do fechamento de sua economia e implantação do regime comunista o país se
transformou. Já são mais de 50 anos do golpe que ocorreu em 1959 e muita coisa
mudou, o regime começa a dar modestas sinalizações capitalistas, como a
permissão de abertura de pequenos restaurantes, bem como possibilitando aos
cubanos receberem hóspedes em suas casas como forma de complemento de renda.
Como o regime está em processo de abertura,
aconselho àqueles que pretendem ver Cuba com seus carros antigos rodando
normalmente e com aquele ar comunista, que se apressem em ir lá.
A Cultura cubana tem muita semelhança com a
brasileira, nota-se a grande influência africana na comida, na dança, ritmo e
gingado. A miscigenação de raças também é grande como no Brasil e até mesmo a
simpatia e o famoso jeitinho brasileiro e malandragem estão presentes.
Praça São Francisco - Havana Vieja |
As pessoas são agradáveis e bastante simples, mas é
preciso ficar atento com os espertinhos e cuba está cheia deles como aqui no
Brasil. Nada de bancar o turista inocente e achar que toda aquela simpatia
dirigida a você no meio da rua é sem interesse, existem os profissionais da
extorsão, desde aqueles que querem vender-lhe charuto falsificado, como os que
querem pedir-lhe dinheiro por algum motivo, ou simplesmente dar uma de guia e
cobrar o que quiserem de você depois. Sugiro que lembre sempre que você não
está no mundo de “Alice” e fique atento (gente sem ter o que fazer perambulando
na rua em geral é malandro), mas isso não tira o brilho do cubano honesto e
simples que você encontrará em suas atividades habituais, na fila da CADECA
(casa de Câmbio Oficial, etc), sempre falando das suas experiências e de como
funciona o regime.
Cubanas e coco taxi ao fundo |
Não posso deixar de registrar também a adoração dos
cubanos pelas novelas brasileiras e pelo nosso povo e cultura, bem como o
excelente nível educacional dos cubanos. Tenho pensamento capitalista e não tenho
admiração pelo socialismo, mas a educação cubana funciona, fato facilmente
observado conversando com os cubanos, que possuem alto grau de escolaridade.
Para ir a Cuba faz-se necessário um visto que é
simples de se tirar, sendo exigidos apenas documentos simples (Passaporte
válido, Formulário de solicitação de visto preenchido – obtido no site
informado a seguir, cópia da passagem aérea e cópia da reserva de hospedagem),
podendo ser realizado nos consulado de São Paulo ou Embaixada de Brasília ou
através dos correios, acessando o site http://www.cubadiplomatica.cu/,
imprimindo o formulário supracitado, preenchendo-o e assinando, anexando os
demais documentos e enviando juntamente com cópia das páginas 1, 2 e 3 e
comprovante do depósito do valor correspondente às taxas para os endereços
transcritos. A taxa para o visto é de R$45, mas quem o pede por correspondência
precisa pagar mais: Trâmite R$75 + Sedex R$50 + visto R$45, totalizando
R$170. Caso você peça o visto com outras pessoas na mesma correspondência,
o valor do Sedex é o único que se mantém inalterado.
Setor Consular da Embaixada – Brasília – DF
Endereço: SHIS – QI 05, Conj. 18, Casa
01 Brasília, Distrito Federal
Cep:71615-180
Telefone:(0xx61) 3248-4710 / 4215
Atendimento: Segunda a sexta-feira, de 10 às 13h.
E-mail: consulcubabsb@uol.com.br
Banco do Brasil, Agencia 1606-3, Conta 301.014-7
Cep:71615-180
Telefone:(0xx61) 3248-4710 / 4215
Atendimento: Segunda a sexta-feira, de 10 às 13h.
E-mail: consulcubabsb@uol.com.br
Banco do Brasil, Agencia 1606-3, Conta 301.014-7
Consulado Geral da República de Cuba – São
Paulo – SP
Endereço:Rua Cardoso de Almeida, 2115 São
Paulo, São Paulo
Cep:01251-001
Telefone: (0xx11) 3873-2800 Fax:(0xx11) 3864-5052
Atendimento: segunda a quinta-feira, das 9:30 às 12:30
E-mail: oficonsular@uol.com.br
Cep:01251-001
Telefone: (0xx11) 3873-2800 Fax:(0xx11) 3864-5052
Atendimento: segunda a quinta-feira, das 9:30 às 12:30
E-mail: oficonsular@uol.com.br
Além da exigência do visto é necessário fazer um
seguro-saúde e altamente recomendado ter comprovante de vacinação contra febre
amarela.
Tirado o visto, resta comprar a passagem aérea. As
passagens para Cuba em geral não tinham bons preços, mas recentemente a Avianca
tem oferecido preços justos, com escala em Bogotá e a Cubana tem vôo diário
saindo de São Paulo para Havana. Comprei a minha na Avianca por R$ 1.449,40,
saindo de São Paulo. O serviço de bordo foi muito bom e os aviões confortáveis
e seguros. A escala em Bogotá é interessante por causa do freeshop que é bem
legal. Acho interessante fazer pesquisa no submarino viagens ou no decolar e
depois comprar diretamente na companhia aérea sem encargos.
Comprada a passagem internacional montei o roteiro
do que queria conhecer em Cuba e como tinha somente oito noites, depois de
algumas pesquisas na internet, optei por conhecer Havana e Cayo Largo. Este é
uma pequena ilha na costa oeste de Cuba, virado para o Golfo do México e que
tem praias quase desertas e lindíssimas. Dá para fazer Varadero e Cayo Largo em
umas 4 noites, mas optei por aproveitar uma praia mais calma e com belezas
naturais mais intocadas que Varadero.
Antes de procurar hospedagem nos dois destinos,
procurei ver como faria para chegar em Cayo Largo. A única maneira de chegar lá
é de avião. Comprei a passagem na
companhia AEROGAVIOTA, em um vôo que dura 40 minutos, custando 132 euros ida e
volta, saindo do Aeroporto Playa Baracoa, que fica um pouco distante de Havana.
(Bom atentar para o aeroporto para não perder o vôo) Comprei diretamente no
site da companhia http://www.aerogaviota.com,
mas pode-se utilizar também o www.cubajet.com
ou o www.havanacasaparticular.com,
sites esses que também funcionam bem para hospedagem, uma vez que o booking por
ser americano, bem como a maioria dos grandes sites de hotelaria não incluem
Cuba. O vôo foi super tranqüilo e a aeronave não era um colosso, mas não era
ruim. O aeroporto é minúsculo, mas funciona.
Quanto à questão de que moeda levar, o euro é sem
dúvida o mais indicado, um vez que o dólar é desvalorizado em média 10% do seu
valor em Cuba. Então o segredo é levar euros e trocá-los pelos CUCS que são a
moeda para estrangeiros em Cuba. Um CUC equivale a um dólar americano, mas se
vc levar dólar e for trocar perderá 10% do valor. Um euro equivale a
aproximadamente 1,3 CUC e o melhor lugar para fazer câmbio é nas casas de
câmbio oficiais, as chamadas Cadecas. Todo cuidado ao fazer a troca, para levar
os CUCS e não o peso nacional e conte todo o dinheiro com calma, pois é muito
comum entregarem menos do que o que devem na maior cara de pau. Aconteceu
comigo e o caixa disse que a cédula tinha caído no chão. Conte você mesmo e na
hora. Troquei meu dinheiro na Cadeca na Calle Obispo (a melhor) e em uma na
Praça São Francisco onde o caixa tentou me enganar. Para consultar cotação
entre no site http://www.cubacurrency.com/exchange_rates.html
Em seguida, utilizando os dois últimos sites
citados, escolhi onde ia me hospedar em Havana e em Cayo Largo. A maioria dos
hotéis em Cuba é do Governo, mas com a recente abertura existem vários cubanos
alugando quartos em suas casas, bem como pessoas que tem casas só para aluguel
de quartos a preços muito bons e com café da manhã feito para você por alguém
que trabalha na casa ou até mesmo a dona.
Em Havana aconselho a ficar hospedado em Habana
Vieja, pois além de viver o clima de Havana, você estará na parte mais
restaurada da cidade e a poucos passos da maioria das atrações e restaurantes.
Existem também o bairro residencial de Vedado, que é legal, mas um pouco
afastado das atrações.
Vista da sala do hostal Plaza Vieja |
Optei por ficar no hostal Plaza Vieja, que gostei
muito, mas se preferir o conforto de um hotel melhor em Havana, opte pelo Hotel
Sevilha, Inglaterra, Telégrafo e Plaza em Habana Vieja ou no Meliá Cohiba e
Habana Livre em Vedado.
Quando cheguei, troquei logo 200 euros no
aeroporto, paguei 25 CUC pelo táxi de lá até o centro da cidade onde fica o
Hostal Plaza Vieja (Calle Muralla n.º 160 e/ San Ignácio y Cuba, Apto 01,
Habana Vieja). Fomos recebidos pelo administrador do Hostal, chamado Daniel,
que foi super simpático, carregou nossas malas da Praça São Francisco onde
parou o táxi até nosso quarto e nos deu todas as explicações que queríamos. O
hostal, na verdade é um apartamento com 3 quartos, sendo o que ficamos uma
suíte, fica muito bem localizado em frente a uma Praça Colonial (Plaza Vieja)
no centro de Havana, mais precisamente em cima da Cervejaria que é ponto
turístico em Cuba. Possui um lance grande de escadas, mas vale muito à pena.
Quarto limpo, chuveiro fraco, mas com água aquecida e um café da manhã saudável
e barato preparado pela não menos simpática Regla. Tudo isso pela bagatela de 35 CUC (igual a 35 us$) por duas
pessoas, mais us$ 5 por pessoa o café da manhã. Além do custo benefício ser
execelente, a delicadeza e presteza em como fomos atendidos pelo Daniel e Regla
não tem preço.
O centro de Havana é compacto e explorá-lo a pé ou
de Coco Táxi é sensacional. Comecei pela Praça Vieja, onde fica o hostal que eu
estava. A praça é bem bonita e logo em uma das esquinas está a Câmera Oscura,
que na verdade é um observatório da cidade bem interessante. Segui até a praça
São Francisco, onde está o convento de mesmo nome. Confesso que a arquitetura
da cidade é linda, mas as igrejas por dentro não tem muita riqueza e
ornamentos. Depois, segui pela rua Tenente Rey, onde está localizado o hostal
los frailles que não aconselho, apesar de bem localizado, em razão dos quartos
não possuírem boa ventilação e terem cheiro forte de madeira, mas é
interessante passar pelo antigo convento e ver as ruínas de aquedutos na
referida rua.
Depois segui pela rua Mercaderes (passando pelo museu do automóvel)
em direção à Praça de Armas, onde é interessante conhecer a Fortaleza e o Museu
da Cidade. Existe também uma feira de livros nessa praça e muitos carros
antigos para um passeio em Cuba. Na rua Obispo, uma das mais movimentadas ruas
comerciais de Havana, existem duas farmácias antigas, que vale à pena dar uma
entrada. Por fim, siga em direção a Praça da Catedral e conheça sua arquitetura
e bares ao redor, com baianas com charuto em frente para tirar foto. (Lembre de
combinar o valor antes. O cubano depende muito dessas pequenas gorjetas). Um
dos bares mais famosos de Cuba é o pequeno e interessante La Bodeguita del
Médio (Empedrado No. 207), Havana, que também é restaurante, mas eu preferi
tomar apenas um excelente mojito por lá. (Bebida espetacular parecendo
caipirinha, sendo que com rum, água tônica, hortelã e açúcar).
Catedral |
Continue em direção ao Museu da revolução, conhecendo o tanque que Fidel usou para invadir Havana e vá pelo Paseo
del Prado até o Capitólio e conheça também os prédios adjacentes. Aproveitando
a localização não deixe de comer no meu restaurante preferido em Cuba (Los
Nardos – Paseo de Marti, 563, em frente ao Capitolio). Não se espante com a
fachada, o interior é bem aconchegante com ar-condicionado, vela na mesa, muita
madeira na decoração carregada, música ao vivo e dois tipos de lagosta com
salsa criolla e à moda catalã, por cerca de 14 dólares. (O prato é muito bem
servido. Para beber, sugiro um bom mojito ou pina colada ou a maravilhosa
limonada frozen).
No dia seguinte fui ao paraíso chamado Cayo Largo.
Sai muito cedo com Sancho (motorista de táxi super profissional -
+53-5-289-8474), paguei us$30, em razão do aeroporto Playa Baracoa ser mais
longe. O aeroporto é diminuto, mas o vôo foi tranqüilo. Cheguei em Cayo Largo
40 minutos depois e logo conseguimos um carro onde seguimos ao hotel Sol Melia
(125 euros a diária casal com all inclusive).
Avião da Aerogaviota |
Cayo Largo não tem agito, pois
não há moradores por lá, só turistas dos hotéis e os trabalhadores. O hotel era
all inclusive e é o melhor da pequena ilha. A comida é mais ou menos como a
grande maioria dos resorts, mas a piscina é legal e o quarto espaçoso. Serviço
não é a especialidade de Cuba, apesar da imensa simpatia de seu povo, mas o
hotel é agradável, grande e a praia em frente apesar de ter ondas é linda.
Existem várias praias na ilha, mas a Syrena e a Paraíso são indescritíveis,
simplesmente lindas. O bom de Cayo Largo é que você se sente integrado à
natureza. Não é difícil estar em praias paradisíacas quase só, o que certamente
é mais difícil em Varadero. Fiz passeio para ilhas menores para ver iguanas e
apreciar o visual espetacular e simplesmente aproveitei o marzão azul e tive a inusitada e muito
interessante experiência de nadar com um golfinho por us$ 30,00 na praia Paradiso
(o preço regular é us$ 60,00 mas fui em baixa temporada (outubro) e estava em
promoção).
Voltando a Havana, tive um problema com o hostal
Los Frailles que por um erro na reserva queria me cobrar o dobro do valor
combinado para ficar em um quarto com cheiro insuportável de madeira. Aí que
entra a hospitalidade e amizade do administrador do Hostal Plaza Vieja
(Daniel). Deixei minha esposa no hotel e fui atrás dele, que rapidamente ligou
para outro hostal do mesmo dono e conseguiu uma vaga para mim, indo pegar as
malas com minha esposa no hostal, onde a gerente quase o mata. (Risos). Outra
observação é que todos os itens esquecidos por minha esposa no hostal foram
guardados e devolvidos.
O outro estabelecimento fica em uma região mais
perto da Catedral e um pouco mais escura, mas não tivemos nenhum problema. É um
apartamento novo com vista para a Baia de Havana e de onde se pode ouvir o tiro
de canhão do espetáculo do forte do outro lado da Bahia. Fomos até o outro lado
da Baia com o taxista Armando (+53 54146014), em um carro antigo, visitamos o
Forte San Carlos de La Cabana, assistimos o espetáculo do Canonazo que acontece
todos os dias às 21 horas (encenação de como os militares faziam antigamente
atirando com um canhão para que as portas da cidade de Cuba fossem fechadas) e
desfrutamos da vista belíssima da cidade de Havana. O passeio custou 10 dólares
ida e volta e o Armando nos esperou o tempo todo.
Espetáculo do Canonazo - Forte San Carlos de la Cabana - Havana |
No dia seguinte fomos de Coco táxi para o Mercado
de San José para comprar souvenirs, telas e artesanatos em geral. (os preços
são ótimos). Chapéu panamá legítimo em torno de 40 dólares. Outras compras que
valem à pena é o rum Havana Club 7 anos e os charutos Cohiba e Monte Cristo,
mas não se espante, um charuto desses custa em torno de 25 dólares. Só para
quem gosta mesmo. Para os amantes dos charutos sugiro ir com algum taxista de
confiança a Fábrica de Tabaco Romeu e Julieta.
Almoçamos no restaurante San Cristóbal (Calle San
Rafael, 469), comida boa e restaurante cheio de estilo, pegamos o ônibus
turístico em frente ao Capitólio e fomos à praça da Revolução, passeando pelo
malecon (avenida Beira mar), bairro vedado, Universidade de Havana e cemitério
Colón. Não subimos no memorial José
Marti, pois estava em reforma. No final da tarde, alugamos um carro conversível
e o motorista nos levou para conhecer o Hotel Nacional de Cuba (Copacabana
Palace cubano), o Meliá Cohiba e nos deixou no restaurante Riomar para jantar
(3ra y Final n.º 11 La Puntilla. Miramar - +53 72094838 – riomarbargrill@gmail.com). O
restaurante tem uma vista maravilhosa e comida excelente. O taxista que nos
levou de volta para o hostal era estudante de medicina e irmão do dono do
restaurante.
Não recomendo a Casa de la Música da Rua Galeano, o
lugar apesar de ser freqüentado por turistas é ponto de prostituição e o som lá
tocado é o regaton, uma espécie de reaggae modernos misturado com música
caribenha, o que não faz meu estilo. Querendo ouvir uma salsa legal procure ver
se está havendo alguma apresentação com membros do Buena Vista Social Clube que
se apresentam no Hotel Nacional ou no Meliá Cohiba, ou ainda em alguns bares na
Plaza Vieja ou na Calle Obispo. O restaurante La Floridita também tem
apresentações musicais.
O Café Lamparilla na Calle Mercaderes também é uma
ótima opção de refeição ou lanche, bem como o excepcional Las Terrazas no Paseo
del Prado (Prado 309 Esquina Virtudes, La Habana Vieja - +53 5 8178778), que
serve uma tábua ou plancha de mariscos que é muito boa e barata.
Café Lamparilla |
Por fim, quero declarar meu amor por Cuba. Lugar
lindo e interessante de povo amável, mas lembrem-se de ter cuidado com os
golpes. Os cubanos não tem acesso a muitas coisas e é preciso ficar atento aos
golpes no câmbio, nas ruas tentando fazer amizade do nada, nos bicitaxis que
não aconselho andar, etc. Outra dica é que além de gorjetas os cubanos adoram
receber de presente pequenos itens de higiene.